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segunda-feira, abril 18, 2005

Os professores no modelo finlandês

À semelhança dos alunos finlandeses, também os professores não se podem queixar. Especializados ou não, frequentaram todos cinco anos de estudos superiores, no mínimo. A formação contínua é obrigatória ao longo da vida e fora do horário de trabalho. A selecção é severa: um em cada seis candidatos é escolhido. A profissão é apreciada, não tanto pelos salários modestos (entre 2200 e 3000 euros mensais), mas pelo reconhecimento social e pelas boas condições de trabalho. Nos estabelecimentos escolares, a sala dos professores revela um luxo de fazer empalidecer de inveja os seus colegas portugueses. Trata-se duma espécie de quartel general, que agrupa a administração, o gabinete do director, a grande sala comum com mesas e sofás confortáveis, plantas, café, bolinhos... Há mesmo um vestiário, canto de cozinha, sala de informática e sala de trabalho, para aqueles que preparam as aulas na escola.
Já estamos a imaginar os mais críticos a perguntarem-se: pois é... mas quanto é que tudo isso deve custar? Pois bem: as despesas finlandesas na educação não são superiores às nossas. O dinheiro é que é utilizado de modo diferente. O sistema é completamente descentralizado. O Ministério da Educação conta com uns escassos 300 funcionários. Os estabelecimentos escolares são financiados, em pouco mais de metade, pelo Estado e, no restante, pelos orçamentos das 446 autarquias finlandesas. O director e os professores decidem tudo: as compras, os trabalhos a realizar, as actividades dos alunos. São também eles que definem os conteúdos e os programas nas diferentes matérias, em concertação com as autarquias, dentro do âmbito alargado dos programas fixados pelo Ministério todos os quatro anos.
Outra heresia, vista de Portugal, a escola encarrega-se do recrutamento dos professores. A ideia que um professor possa, como aqui, cair de paraquedas num estabelecimento, sem ter sido escolhido pela equipa dos professores locais parece ser no mínimo absurda. Quando aparece uma vaga, o director recebe directamente dezenas de candidaturas que convoca para entrevistas. O candidato escolhido deverá ter os mesmos objectivos do resto da equipa, para melhor trabalharem em conjunto.

Numa altura em que o “modelo nórdico” paira sobre as ambições dos nossos políticos mais destacados, e em pleno período de preparação do próximo ano lectivo, talvez não fosse má ideia começarmos a reflectir sobre a melhor maneira de fazer evoluir o nosso controverso sistema escolar, com base em exemplos de sucesso.

:: enviado por JAM :: 4/18/2005 02:12:00 da tarde :: início ::
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