BRITEIROS2: novembro 2006 <$BlogRSDUrl$>








domingo, novembro 26, 2006

O trabalho já não dá saúde

A natureza das relações de trabalho mudou profundamente nas últimas décadas sob a pressão de uma obrigação absoluta de resultados. Antes, o coordenador ― o chefe ― era-o em virtude do seu conhecimento do trabalho, até ao mais ínfimo detalhe. Hoje, o manager não é suposto conhecer a realidade do trabalho que coordena. O saber que o levou a tais responsabilidades é a sua capacidade para analisar as contas e os resultados. Antes, os trabalhadores estavam sujeitos às ordens do encarregado. Agora, trabalham em estreita ligação com o “utilizador final”. Antes, estavam organizados de um modo quase militar. Agora, são mais autónomos e incitados a desenvolver o espírito de iniciativa.
E, no entanto, constata-se que a saúde física e mental dos trabalhadores não está melhor. Porque, se existe mais autonomia, não existe menos controlo. Pior, os modos de avaliação são puramente quantitativos e estatísticos. O manager avalia os resultados... mas é incapaz de apreciar “as dimensões da actividade que não se podem exprimir em termos de valor mercantil”.
Em termos patológicos, as consequências podem ser várias. Aquele que adora o seu trabalho pode ficar com o sentimento de que não lhe dão tempo, nem os meios, para se empenhar como desejaria. E isso pode criar uma espécie de repugnância pelo trabalho mal feito. Sentimento que pode ser agravado pela desonra de não ter conseguido alcançar os objectivos que lhe foram imputados. Objectivos esses que, também eles, são expressos em termos de resultados e não de qualidade do trabalho.
Os trabalhadores deste princípio de milénio podem não ter nada a ver com os burros de carga dos primórdios da era industrial. Mas o aumento do stress profissional e do assédio moral ― expressões modernas para designar o sofrimento no trabalho ― merecem ser tratados reflectidamente, sob pena de transformarmos os recursos humanos, pura e simplesmente, em... recursos.

:: enviado por JAM :: 11/26/2006 06:32:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

domingo, novembro 19, 2006

Merche Romero explica-nos como se transmitem dados na Net

Estava o Briteiros no Colombo a ver se conseguia enviar um post através dos Hotspots anunciados por todo o lado, quando apareceu a Merche Romero a tentar esconder-se de um fotógrafo da Caras. Pousou os 37 sacos de roupa de marca que trazia e fingiu, para despistar, ser uma menina das informações. Estava linda, como sempre, nas suas calças de ganga justíssimas e na camisa abotoada até ao segundo botão (a contar de baixo). À pergunta se precisávamos de alguma informação conseguimos responder que não nos conseguíamos ligar à Net apesar de nos cartazes parecer fácil. A Merche pôs as mãos ao trabalho e passados dois minutos estávamos online. Disse-nos que era um problema TCP/IP. Perante o nosso olhar de espanto, começou a explicar porquê.
Devido ao barulho que estava no Colombo, não conseguimos prestar muita atenção às explicações da Merche de modo que acabámos por convidá-la a dar esta entrevista ao Briteiros num local mais sossegado.

Briteiros: Você é muito mais bonita ao vivo do que na televisão! Desde já, obrigado por se disponibilizar a explicar-nos como funciona a Internet.
Merche Romero: Obrigado pelo elogio (sorriso). Não sei o que quer dizer essa palavra dispo... não sei quê, mas é com muito prazer que dou esta primeira entrevista ao Briteiros.
B: Antes de começar, diga-me só se é mesmo verdade que nasceu em Andorra?
MR: É, porquê?
B: É que sabia que em Andorra havia cigarros, álcool e aparelhagens baratas mas não sabia que nasciam pessoas.
MR: (gargalhada) Pois nascem! É verdade que no meio de tanto vício foi complicado ser a pessoa que sou hoje. Quase uma freira. Mas com esforço, dedicação e trabalho, consegue-se.
B: Já agora, como se sente depois da separação com o Cristiano?
MR: Mau! Se é para falar da minha vida privada, a entrevista acaba já aqui! Já disse que não falo sobre isso e se quisesse falar não era para um Blog de segunda como o Briteiros. Falava para a Caras que, ao menos, ganhava uns euros.
B: Desculpe, não queria ofender. Era só para saber se ainda estava só.
MR: Pois...
B: Hum... (tosse). Vamos lá então falar da Internet. Há muito que se interessa pelo assunto?
MR: Sempre me interessei, mas agora que estou sozinha tenho-me interessado ainda mais. O Cristiano é que sabia bem como é que essas coisas funcionavam. Tinha um livro e tudo que comprámos juntos. Ainda lhe pedi para me deixar ficar com ele. Não quis. Disse-me que era uma recordação do tempo em que estivemos juntos e não tive coragem para dizer não. Então tive que me informar ainda mais. É um mundo fabuloso! ― Tenho passado quase todo o meu tempo livre a estudar TCP, IP, pacotes de dados, Routers, Wireless
B: Ei! Um pouco mais devagar. Nunca ouvi falar...
MR: (suspirando) Não me admira! É incrível como as pessoas utilizam as tecnologias sem se interessarem minimamente por elas. Eu não sou capaz.
B: Então não é só ligar o PC e surfar?
MR: (mostrando sinais de impaciência) E depois telefonas a pedir ajuda, não é!?
B: Não tenho o seu número de telefone...
MR: Pois...! Bom, para começar, a transmissão de dados não se faz à balda. Para haver transmissão de dados entre dois computadores têm que falar uma língua comum. É assim como quando tens que falar com um espanhol, têm que ter uma língua comum, né?
B: Eu cá falo portunhol e safo-me bem.
MR: Ah... pois, o exemplo não é muito bom. Não interessa. O que interessa é que é preciso uma linguagem comum a que se chama protocolo de transmissão. Há muitos mas a Internet utiliza sobretudo o TCP/IP.
B: T... quê!?
MR: Transmission Control Protocol/Internet Protocol. É a única coisa dos anos 70 de que eu gosto. Foi inventado nessa altura pelo Departamento de Defesa dos EUA.
B: Mais uma americanice.
MR: Mas não foi o Bush nem os neocons e serve para alguma coisa! Estava eu a dizer que quando se ligam dois computadores entre si ou quando nos ligamos a muitos computadores como é o caso da Net, os dados vão em sequências de 0 e 1 mas não de qualquer maneira. São ordenados em pacotes.
B: Empacotados!?
MR: (suspirando) Sim. Os dados são enviadas em pacotes. Por exemplo, as fotografias que foste ver à Net onde apareço meio nua e que, diga-se de passagem, nem sei onde as foram buscar que eu não gosto nada dessas poucas-vergonhas...
B: (corando) Eu não vou à Net para ver essa coisas!
MR: Tá bem... as fotografias chegam numa sequência de bué de pacotes. Os Mails que mando ao Cristiano são enviados também em pacotes ― (pensativa) só que, não sei porquê, parece que nunca chegam porque ele nunca responde ― os pacotes podem variar de tamanho sendo o máximo 65515 bytes mas, em geral, têm menos de 1500 bytes. Para te dar uma ideia, quando vais ao Briteiros recebes mais de 1000 pacotes e, á volta, de 650000 bytes ou 650 Kilo Bytes.
B: Tantos!? mas o que é isso dos Bytes e dos Kilos?
MR: Um 0 ou um 1 são um bit, 8 bits fazem um byte. 1000 Bytes são um Kilo Byte ou KB. Capisco?
B: Ah! Então é bom que tenha uma grande velocidade na Net.
MR: Quanto mais melhor. Embora dependa de outras coisas como a capacidade dos sites ou quantas pessoas estão online. Se tiveres um débito ― e não velocidade como lhe chamas ― de 2 Megas podes descarregar o Briteiros em poucos segundos. Mas atenção, os débitos anunciados são em bits por segundo e não em bytes. 1 Mega são 1000 bytes, logo, 2 Megas quer dizer que podes ir até 2 milhões de bits por segundo. Se a tua página tem 5,2 Mega bits, faz as contas. Podes vê-la em 3 ou 4 segundos.
B: Mas demora mais.
MR: Pois demora, porque há aparelhos de rede pelo caminho, há servidores e coisas assim que hás-de aprender mais tarde. Raramente se pode ir até ao débito máximo. Mas estávamos a falar de pacotes e como tudo é muito ordenadinho para não haver confusões.
O início do pacote chama-se Header...
B: Mas isto é tudo em inglês!?
MR: Se foi inventado pelos americanos, querias que fosse em quê? Espanhol? Haja paciência! O Header é onde se põe o endereço de origem e o endereço do destinatário do pacote, o tamanho, o numero do pacote na sequência, o Time to Leave...
B: Os pacotes têm tempo de vida?
MR: (um pouco exaltada) Pareces a idiota da Núria! Se calhar pensavas que ficavam por aí a circular eternamente! Claro que têm um tempo de vida! Só que não é em anos, nem em dias, nem minutos. É em número de Routers porque passam.
B: Routers...???
MR: Isso depois perguntas a outra pessoa que eu não sou a Madre Teresa da Net.
B: Desculpe, mas se me der o seu número de telefone podia-me explicar depois isso dos Routers.
MR: (ignorando a ultima frase) Onde é que eu ia? Ah, sim, depois do Header vem o Body que é onde se põe as porcarias que vais buscar à Net ou as idiotices que escreves nos Mails e nos posts. No final vem o Trailer onde vamos pôr um checksum para ter a certeza de que está tudo direitinho e uma marca para o outro saber que o pacote acabou.
B: E o que é que acontece se o pacote for mal feito?
MR: Um pacote deficiente, com um endereço que não existe ou outra coisa qualquer errada, morre. Desaparece. No mundo da transmissão de dados há muito que a eutanásia é uma questão pacifica. É cruel mas é assim a vida. (Melancólica) Quando o Cristiano me deixou também fiquei triste mas há que partir para outra. Esquece.
B: Mas quem é que faz os pacotes. Não me diga que tenho que ser eu.
MR: (Rindo) Mais uma como essa e recomendo-te ao Malato para ires ao “Um Contra Todos”. Não. Quem empacota os dados é o teu computador. Tu só tens que escrever os nomes dos sites ou o endereço Mail que não são mais do que endereços IP.
B: Endereços IP!?
MR: Agora não tenho tempo. O tipo da Caras já se foi embora e estou atrasada para a aula de cardiofitness.
B: Cardio... quê?
MR: Não interessa. Toma lá o número da Catarina Furtado e pede-lhe que te explique o que são endereços IP. Depois do que ela me fez no “Dança Comigo”...
B: Obrigado Merche...
MR: Adios!

:: enviado por U18 Team :: 11/19/2006 05:22:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::