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quarta-feira, junho 06, 2007

Regresso ao futuro

O escudo anti-mísseis que os Estados Unidos pretendem construir na Polónia e na República Checa será parte integrante de um dispositivo nuclear. As bases de mísseis interceptores ficarão localizados a Norte de Varsóvia e a estação de radar situar-se-á ao Sul de Praga, a poucos quilómetros da fronteira austríaca. Oficialmente, a Administração Bush afirma que o objectivo da operação é destruir qualquer míssil que o Irão possa lançar sobre o território americano.
É claro que Vladimir Putin, que não é parvo, não concede nenhum crédito à justificação avançada pela Casa Branca. Tanto mais que, com idêntico pretexto, sob uma outra perspectiva geográfica, os Estados Unidos construíram uma rede anti-mísseis a poucas milhas náuticas da Rússia, ou seja, no Alasca. Efectivamente, depois de ter abandonado unilateralmente o tratado ABM negociado em 1972 por Nixon e Brejnev, o Pentágono precipitou-se na construção de silos que encerram 15 engenhos capazes de percorrer 5500 km. E tudo isso só para poder parar uma possível bombazita voadora pintada com as cores... da Coreia do Norte.
Para além disso, o outro bicho que mordeu Putin chama-se Kosovo. Tanto ele como o seu ministro dos Negócios Estrangeiros não param de martelar que se oporão firmemente à independência daquela região sérvia, se se tratar simplesmente de seguir as recomendações da missão da ONU e não for negociada com os seus protegidos sérvios. Ao longo da actual cimeira do G8 vamos certamente ouvir falar disso. Pois...
Pois não nos devemos esquecer que se se consagrar a soberania do Kosovo, quem vai ter o papel de supervisor vai ser a União Europeia. E então? É precisamente o facto de a União Europeia já ter tomado conta do núcleo dos antigos satélites da União Soviética e continuar a aguçar os apetites de adesão da Ucrânia que irrita sobremaneira os patrões do Kremlin. Por isso provoca tanto nervoso miudinho a ideia de ver um Kosovo independente administrado provisoriamente pela UE.
Só falta saber se os europeus se vão manter unidos — nada é menos certo — tanto sobre a questão do Kosovo como sobre a mudança dos alvos das bombas russas. Por exemplo, os sociais-democratas alemães, que contam metade do governo da chanceler Merkel, apregoam uma política de equidistância. De quê a quê? De Moscovo a Washington. É preciso que se note que, ao mesmo tempo que Putin proferia as suas ameaças, o seu ministro dos Estrangeiros mencionou especialmente que os primeiros lugares que a Rússia procuraria destruir seriam o escudo e as bases americanas... na Alemanha.
Puf! Com a sua grande avançada, Putin convida-nos para um espectacular regresso ao futuro.

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:: enviado por JAM :: 6/06/2007 12:46:00 da tarde :: início ::
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