BRITEIROS2: junho 2007 <$BlogRSDUrl$>








segunda-feira, junho 25, 2007

A valsa dos delatores

A valsa dos delatores
Santana Castilho*


Componho esta valsa com o pensamento nas vitimas dos delatores, esses torpes seres que, nas palavras de François Miterrant, “fazem nojo aos cães”. Componho esta valsa porque os nostálgicos dos velhos métodos do antigamente (1926-1974) estão de volta à Administração Pública. E antes que renasçam, qual “Phoenix” da “esquerda moderna”, com as palavras emprestadas e adaptadas de Almada Negreiros, repetirei, indignado:
“ Basta! Pum! Basta! Uma geração que consente deixar-se representar por um delator é uma geração que nunca o foi! É um coio de indigentes, de indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o delator, morra! Pim! O delator é o escárnio da consciência! Se o delator é português, eu quero ser espanhol! O delator é a vergonha da intelectualidade portuguesa! O delator é a meta da decadência mental! E ainda há quem duvide de que o delator e os seus comanditários não valem nada, não sabem nada, não são inteligentes nem decentes, nem zeros!”
A delação é um fenómeno de todos os tempos e sempre habitou o lado mais negro da espécie humana. Para medrar, não importa a época. Basta, como qualquer semente daninha, que encontre terreno propicio. É preciso, por isso, avisar todos os professores “Charrua”. Porque têm face e nome os que publicaram um guia incitando 700 mil funcionários públicos à bufaria. Que engendraram o “5 em 1”, cartãozito tecnológico que poderá expor a nossa vida a qualquer morcão informático. Que expuseram na praça pública os devedores ao fisco. Que arregimentaram todas as policias sob comando do mesmo ministro. Que colocaram sob a estrita dependência do primeiro-ministro os serviços de informação. Que “expediram” para exílios dourados Ferro Rodrigues, João Cravinho e Manuel Maria Carrilho. Que rasteiraram Mário Soares, Manuel Alegre e ... , veremos, António Costa. Que querem purificar o “ jornalismo de sarjeta”. Porque, perante tal lista, que é bem mais longa, o terreno é propicio a que certos militantes, sem outras qualificações para subir na vida e chegar a dirigentes locais, regionais, centrais e outros que tais, que não delatar e lamber botas, apareçam venerandos e atentos. Porque para eles não há amizades de 15 anos. Há promoções, fidelidades de ocasião, expectativas, subsídios, colocações, nomeações, recomendações, avaliações, excedentes (PRACE a que vais obrigar!...), ossos, restos de carne. Porque três décadas parecem ter chegado para varrer da escala de valores de tantos, que hoje detêm o poder, as referências primeiras da liberdade e da cidadania. Porque os cegou a obsessão de reduzir o défice ou, quem sabe, a ditadura apenas os incomodou por não serem eles que se sentavam na cadeira do poder.
É preciso que todos os professores “Charrua” se acautelem. A História repete-se. E como ilustração deste ponto de vista, recordo a saga exemplar, que mereceu glosa cinematográfica, de Joaquim Silvério dos Reis, o delator dos “inconfidentes mineiros”. Era coronel, senhor de terras e dono de minas. Devido aos pesados impostos cobrados pela Coroa de Portugal, estava falido. Convidado para participar na “Inconfidência Mineira”, uma revolta ocorrida em 1789, na então Capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra o domínio português, Joaquim Silvério dos Reis aceitou. Mas, tendo-lhe alguém acenado com possibilidade de ter as suas dívidas perdoadas pela Coroa, delatou os “inconfidentes” seus companheiros. O expediente valeu-lhe a evaporação dos débitos fiscais. Como incentivo público à delação, foi-lhe concedido um cargo oficial. A Coroa agradecida deu-lhe uma pensão para toda a vida e uma nova moradia, além de um título nobiliárquico. Que eu saiba, não passeou a cavalo na Praça Vermelha, devidamente encerrada aos olhares da plebe. Mas na primeira oportunidade foi recebido em Lisboa, com pompa e circunstância, pelo príncipe regente, D. João.
Que canalha!...

* Professor do ensino superior.

:: enviado por RC :: 6/25/2007 04:03:00 da tarde :: início ::

domingo, junho 17, 2007

Animal Farm - 1/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:50:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Animal Farm - 2/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:49:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Animal Farm - 3/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:48:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Animal Farm - 4/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:47:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Animal Farm - 5/8


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Animal Farm - 6/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:45:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Animal Farm - 7/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:44:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

Animal Farm - 8/8


:: enviado por RC :: 6/17/2007 01:43:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, junho 06, 2007

Regresso ao futuro

O escudo anti-mísseis que os Estados Unidos pretendem construir na Polónia e na República Checa será parte integrante de um dispositivo nuclear. As bases de mísseis interceptores ficarão localizados a Norte de Varsóvia e a estação de radar situar-se-á ao Sul de Praga, a poucos quilómetros da fronteira austríaca. Oficialmente, a Administração Bush afirma que o objectivo da operação é destruir qualquer míssil que o Irão possa lançar sobre o território americano.
É claro que Vladimir Putin, que não é parvo, não concede nenhum crédito à justificação avançada pela Casa Branca. Tanto mais que, com idêntico pretexto, sob uma outra perspectiva geográfica, os Estados Unidos construíram uma rede anti-mísseis a poucas milhas náuticas da Rússia, ou seja, no Alasca. Efectivamente, depois de ter abandonado unilateralmente o tratado ABM negociado em 1972 por Nixon e Brejnev, o Pentágono precipitou-se na construção de silos que encerram 15 engenhos capazes de percorrer 5500 km. E tudo isso só para poder parar uma possível bombazita voadora pintada com as cores... da Coreia do Norte.
Para além disso, o outro bicho que mordeu Putin chama-se Kosovo. Tanto ele como o seu ministro dos Negócios Estrangeiros não param de martelar que se oporão firmemente à independência daquela região sérvia, se se tratar simplesmente de seguir as recomendações da missão da ONU e não for negociada com os seus protegidos sérvios. Ao longo da actual cimeira do G8 vamos certamente ouvir falar disso. Pois...
Pois não nos devemos esquecer que se se consagrar a soberania do Kosovo, quem vai ter o papel de supervisor vai ser a União Europeia. E então? É precisamente o facto de a União Europeia já ter tomado conta do núcleo dos antigos satélites da União Soviética e continuar a aguçar os apetites de adesão da Ucrânia que irrita sobremaneira os patrões do Kremlin. Por isso provoca tanto nervoso miudinho a ideia de ver um Kosovo independente administrado provisoriamente pela UE.
Só falta saber se os europeus se vão manter unidos — nada é menos certo — tanto sobre a questão do Kosovo como sobre a mudança dos alvos das bombas russas. Por exemplo, os sociais-democratas alemães, que contam metade do governo da chanceler Merkel, apregoam uma política de equidistância. De quê a quê? De Moscovo a Washington. É preciso que se note que, ao mesmo tempo que Putin proferia as suas ameaças, o seu ministro dos Estrangeiros mencionou especialmente que os primeiros lugares que a Rússia procuraria destruir seriam o escudo e as bases americanas... na Alemanha.
Puf! Com a sua grande avançada, Putin convida-nos para um espectacular regresso ao futuro.

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:: enviado por JAM :: 6/06/2007 12:46:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::