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domingo, julho 08, 2007

FMI: a história repete-se

A contestação mundial ao FMI é cada vez maior. Os movimentos altermundialistas reclamam há anos o seu desmantelamento e a sua substituição por uma instituição com objectivos radicalmente diferentes, centrados na garantia dos direitos humanos fundamentais. São cada vez mais os governos que tentam livrar-se da tutela opressiva do FMI. A Venezuela anunciou em Abril de 2007 que se retirava da organização. Em Dezembro de 2005, Brasil e Argentina reembolsaram de uma só vez tudo o que deviam. Outros, como a Indonésia, as Filipinas ou o Uruguai, seguiram a mesma via, privando assim o FMI dos seus principais clientes.
Isso teve consequências nos financiamentos do FMI já que um reembolso antecipado implica uma grande redução dos juros a cobrar. Para tentar minorar os estragos, em Janeiro de 2007 um comité de consultores encarregado de estudar a questão recomendou a venda de 400 toneladas de ouro. Só que os Estados Unidos não aceitaram a proposta e uma reunião para discutir o assunto acaba de ser adiada, o que só contribui para aumentar a confusão.
A pedido dos Estados Unidos — nervoso porque o yuan está subavaliado, o que favorece as exportações chinesas e aumenta o deficit comercial americano — o FMI acaba de lançar outra acha para a fogueira da contestação: a vigilância das taxas de câmbio das moedas. Mas os chineses fazem ouvidos de mercador e juntam-se ao coro dos protestos contra o FMI, acusando-o de ser um instrumento nas mãos do governo de Bush.
Ao mesmo tempo, sete países da América Latina (Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, Brasil, Paraguai e Uruguai) lançam o Banco do Sul, encarregado de promover à escala regional uma lógica radicalmente distinta da — brutal e mortífera — imposta há décadas pelo FMI e pelo Banco Mundial.

Há poucos dias, foi publicado pela Merrill Lynch / Cap Gemini o relatório sobre a riqueza do mundo que revela que, em 2006, o número de milionários cresceu 8,3% e que o património por eles acumulado cresceu 11,4% e é já mais de doze vezes superior à dívida externa de todos os países em vias de desenvolvimento. Enquanto isso, as populações pobres definham na miséria, cada vez mais fragilizadas pelo forte aumento do preço dos cereais nos mercados mundiais. A produção cerealífera — em particular o milho — destina-se cada vez mais a fabricar agro-combustíveis para os países mais industrializados, o que impele o risco de produzir dentro de pouco tempo crises alimentares graves nos países do Sul.
É preciso acabar com este modelo económico que só serve para fazer os ricos mais ricos e os poderosos mais poderosos. É preciso acabar com este modelo económico que fracassou porque é um terreno onde se desenvolve a dívida, a pobreza e a corrupção. Como o Banco Mundial, o FMI foi um dos principais promotores e suporta uma pesada carga de responsabilidade por este modelo económico.
Agora que o FMI está a afundar-se, Rodrigo Rato foi o primeiro a abandonar o navio. Consta que Sarkozy pretende que o novo director-geral seja um francês e deseja oferecer o lugar ao socialista Strauss-Kahn. Só pode ser um presente envenenado.


:: enviado por JAM :: 7/08/2007 10:04:00 da manhã :: início ::
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