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quarta-feira, julho 11, 2007

Briteiros Viagens - Açores

Como as férias estão a chegar, aproveito para abrir o suplemento Briteiros Viagens que não pretende ser guia de coisa nenhuma mas apenas uma visão pessoal sobre o antes e o depois dos lugares que visitamos. No fim do post perceberão que a iniciativa não é altruísta.
Este ano, não sei se por influência dos 5 minutos que vi da telenovela da TVI ou por já conhecer um pouco, um impulso qualquer levou-me a arrastar a família para os Açores. Apesar dos protestos da miudagem, pensei que sempre seria melhor do que acompanhar os meus compatriotas construtores civis para Porto Seguro, para Pipa ou Punta Cana ou mesmo para o cimento do Algarve. Marquei rapidamente a viagem para o fim deste mês e foi então que comecei a ter algumas dúvidas.
O problema é que já estive uma vez nos Açores. Quer dizer, não sei se é um problema mas quando lá estive, há uma boa dezena de anos, foi em trabalho e, para além das obrigações profissionais terem deixado pouco espaço para o turismo, lembro-me de que choveu todos os dias - apanhei a maior carga de água que alguma vez vi na vida com inundações, mortos, desalojados, estradas e pontes destruídas – o nevoeiro não me deixou ver quase nada e, pior do que tudo, a terra tremia que se fartava. Nada de dramático, uns estremeções que os locais já nem notam, mas estremecia. Segundo as estatísticas, há 6000 sismos nos Açores dos quais 600 são um bocadinho mais do que uma vibração o que, pelas minhas contas, me dá uma probabilidade de 3% para apanhar com uma coisa jeitosa. Não é muito, dirão. Discordo. Acho muito pouca piada a que a terra se mexa debaixo dos meus pés. Por isso não gosto de barcos e o avião só mesmo quando não há outro meio para me deslocar (o que para ir aos Açores deixa poucas alternativas). No caso da terra ainda é pior porque considero que a terra é composta por sólidos que, por definição, não têm nada que se mexer sozinhos. Se é para passar o tempo agarrado às paredes, antes ficar em casa.
Com estes pensamentos a ameaçarem estragar-me as férias, resolvi fazer um Google “Açores + clima” seguido de “Açores + sismos”. Com o primeiro fui parar à Wikipédia para ficar a saber que “arquipélago dos Açores é visitado com frequência por ciclones de origem tropical, muitas vezes assumindo força de furacão” e que são comuns no mês de Agosto (É à justa). Vi ainda este mapa de previsões do Instituto Meteorológico e mesmo um leigo como eu é capaz de perceber que a coisa não promete nada de bom. Já um pouco assustado mas tendo em mente que na Wikipédia está quase tudo errado e que os meteorologistas só sabem fazer previsões para daqui a 50 anos, lembrei-me do que dizia um colega açoriano: chove todos os dias mas chove “no maar”. Sendo assim, pensei, apenas tive azar quando lá estive e choveu em terra que se fartou. Como a única vez que conto ir ao mar é para ir ver os cachalotes, a chuva não será problema já que os bichos também atiram com água que se fartam e mais água menos água…
Mais preocupante é a história dos sismos. Com o Google fui parar a esta página. Se repararem bem nos mapas, não há um único sitio que não tenha um pontinho preto correspondente a um sismo. Aquilo não são mapas, são borrões. E o sismograma parece as ondas sonoras do Marco Paulo a cantar “Anarchy in the UK”.
Isto significa que, em praticamente qualquer lado onde ponha os pés, já houve um sismo. Pequeno, grande ou enorme. Tentei, então, descobrir qual a probabilidade da repetição de sismos com epicentro exactamente no mesmo lugar. Parece que a probabilidade é pequena o que me permite organizar a viagem de maneira a passar sempre pelos pontos negros pequeninos e evitar estar por cima do epicentro de algo “em grande”.
Para além de terem uma média de 20 sismos por dia, há ainda pior: os Açores têm vulcões. Só que não são vulcões como o Etna ou o Vesúvio que estão sossegados ou os vulcões maricas da Auvergne francesa que não mandam um calhau cá para fora há milhares de anos. Os Açores têm vulcões que estão vivos e que, a qualquer instante, podem fazer com que fiquemos para a posteridade nas mesmas posições que os cidadãos de Pompeia. Como se isto não bastasse, há mais vulcões nos Açores que jogadores na lista de compras do Benfica deste Verão.
Quando estive em S. Miguel, devido à chuva e ao nevoeiro, o único vulcão que consegui ver dá pelo nome de Sete Cidades e é uma dessas paisagens que nos deixam os olhos lavados durante anos. Como não há bela sem senão, segundo as pessoas que estudam estas coisas, debaixo daquela beleza toda e no fundo da placidez daquele lago, há um inferno em ebulição que a qualquer momento pode atirar para cima do viajante incauto toneladas de magma incandescente mais toda a água que por ali se acumulou. Convenhamos que não deve ser muito agradável.
Ainda mais inquieto, lancei o Google “Açores + serpentes venenosas” que não deu nada e “Açores + aquecimento global” só anuncia catástrofes lá para 2050 (entretanto, espero que a TAP já me tenha conseguido trazer). Também o “Açores + terrorismo” só indica ligações para os voos da CIA, o que não me preocupa muito porque não tenho nenhum voo marcado nessa companhia.
Do que me lembro, os Açores são uma terra de paisagens formidáveis, de gente ainda mais formidável, de milhões de vacas e de comida boa. Apesar do que encontrei na Net, creio que vale a pena o risco e, se os vulcões se mantiverem quietos e a terra não mexer mais do que o habitual, cá estarei para contar como foi.
Quem tenha tido paciência para chegar até aqui é porque também gosta dos Açores. Por isso, estou agora à vontade para formular o que não tive coragem de colocar no início: se alguém tiver sugestões onde se pode comer bem, onde a terra não trema quando nos apresentam a conta e onde a comida tenha a magia de uma erupção vulcânica, faça o favor de me instruir.


:: enviado por U18 Team :: 7/11/2007 04:23:00 da tarde :: início ::
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