BRITEIROS2: No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza <$BlogRSDUrl$>








terça-feira, outubro 17, 2006

No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

Algumas noções prévias: o capitalismo é a exploração do trabalho colectivo com fins de enriquecimento pessoal, sob o alibi da disponibilização dos meios de produção ― o chamado capital. O liberalismo define as condições necessárias para a aplicação do capitalismo. Trata-se de uma filosofia política que coloca o indivíduo livre no centro da sua problemática. É também uma doutrina económica que, em si mesma, contém duas vertentes: a primeira é a justificação do capitalismo fundada no facto de que a propriedade privada seria um direito natural e que, através da busca do interesse individual, chegaríamos ao bem-estar colectivo. A segunda é que a regulação da sociedade deve ser feita pelo livre jogo dos mecanismos do mercado, sem qualquer intervenção pública.
Ora, é aí que o jogo é falseado. É evidente que é necessário introduzir uma regulação, mas, ao nível internacional, não existe nenhuma estrutura para isso, nem vontade para a ter. Assim, na ausência de uma governância democrática mundial, a famosa máxima da Rothschild Brothers of London vai manter-se ainda por muito tempo: “As raras pessoas que compreenderão o sistema serão de tal modo interessadas pelos seus lucros, ou de tal modo dependentes das suas larguezas, que não haverá nenhuma oposição a temer dessa classe! A grande massa de pessoas mentalmente incapazes de compreenderem os imensos interesses em jogo aguentará o seu peso sem se queixar!”.
A mensagem do Nobel da economia, Edmund Phelps, é que o Estado tem a obrigação de subvencionar os trabalhos mais precários: “Nos tempos que correm, os trabalhadores com baixos salários vivem com muitas dificuldades, por razões tecnicas e por razões imputáveis à concorrência de economias como a chinesa ou indiana. Por isso, é recomendável que os Estados ajudem os trabalhadores com salários mais baixos, para se incrementar a procura de empregos pouco qualificados”. O objectivo é limar as desigualdades salariais e fomentar a integração social no sistema capitalista.
Com o tempo, Phels ― que aprofundou as suas pesquisas mais célebres sobre a interacção entre a inflacção, o desemprego e o crescimento, por um lado, e a taxa natural de desemprego, por outro ― acabou por centrar as suas preocupações no estudo do capitalismo, concluindo que “temos modelos muito bons sobre as economias agrárias, sem inovação, sem criatividade, sem incerteza, mas não temos nenhum bom modelo sobre o capitalismo”.
No capitalismo, o trabalho tem a primazia. A concorrencia é severa. Os mais produtivos e formados são bajulados pelas empresas, enquanto que os menos formados não têm outra alternativa que não seja trabalharem por um salário de miséria. Vivemos numa sociedade pervertida pela bulimia do poder, o lucro das elites e a corrupção. Uma sociedade minada pela ignorância dos povos e pela resignação dos cidadãos.
Sobretudo os trabalhadores mais jovens perguntam-se como é possível melhorar o seu destino se, como lhes dizem, devem aceitar os salários mais baixos e a precariedade que deles resulta. A falta de regulação da sociedade conduz a um cada vez maior empobrecimento nos países industrializados, mesmo quando o crescimento económico se acelera. Se, por um lado, a globalização ajuda a reduzir a pobreza em países como a China ou a India, faz com que, por outro lado, nos países ricos se enfraqueçam as malhas da proteção social, fazendo com que a pobreza não páre de aumentar e de nos aproximar, a passos largos, do rol dos países mais pobres.


:: enviado por JAM :: 10/17/2006 05:47:00 da tarde :: início ::
0 comentário(s):
Enviar um comentário