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terça-feira, outubro 26, 2004

A legitimidade do estado de Israel

Os argumentos daqueles que defendem a legitimidade do estado de Israel e, em particular, a legitimidade dos colonos israelitas a continuarem estabelecidos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, apesar dos acordos internacionais que reconhecem o direito à independência total desses territórios, situam-se na mesma ordem de ideias daqueles que defendem a legitimidade dos Estados Unidos, da Austrália ou da ocupação chinesa no Tibete.

O que é que há de comum entre Israel e os EUA, a Austrália e a Tibete chinês? Todos eles são estados resultantes de invasões e de acções de genocídio. Nos EUA, os índios foram exterminados e os sobreviventes encerrados em reservas. Na Austrália, os aborígenes, então “selvagens”, continuam a ser tratados como tal e a ser vitimas de perseguições quotidianas. No Tibete, a China continua a aplicar uma política de limpeza étnica e encoraja vivamente a colonização do território por chineses vindos dos quatro cantos da China.

Poder-se-á então dizer que, se estados tão soberanos e respeitados, como os EUA, a Austrália e a China, puderam impunemente fazê-lo, também os judeus terão legitimidade para se instalarem na Palestina, nem que, para isso tenham que liquidar, de vez, os palestinianos. Só que, actos de genocídio, não são argumentos para justificar outros actos de genocídio. Não podem, por isso, funcionar sempre, sob pena de transformarmos o nosso planeta numa verdadeira selva, sem lei nem regras.

Não funcionou na África do Sul, onde os colonos tiveram, finalmente, que se submeter à soberania da maioria negra. Assim como não funcionou a imensa vaga de colonização que, até meados do século XX, repartiu as riquezas africanas por meia dúzia de estados parasitas e neo-esclavagistas. Também não funcionou em Timor, mesmo depois de a Indonésia ter exterminado mais de 500 mil timorenses, quase metade da sua população.

O estado de Israel resultou de um erro histórico de palmatória por parte do Reino Unido. Enquanto todos os países colonizadores regressaram a casa após descolonizações mais ou menos felizes... Enquanto a França, por exemplo, regressou ao seu hexágono, concedendo a independência ao Líbano e à Síria... os ingleses tiveram a infeliz ideia de enviar os judeus, espalhados pelo mundo, ocupar um país onde já viviam e trabalhavam normalmente os palestinianos. Que direitos teriam então, a mais, os libaneses ou os sírios em relação aos palestinianos, para que uns merecessem a independência e os outros não? Não é, pois, de admirar que os palestinianos tenham levado tantos anos para reconhecer o estado de Israel. De admirar é, sim... que o tenham, um dia, reconhecido.

Foi esse erro histórico que conduziu à actual desgraça entre os dois povos.

:: enviado por JAM :: 10/26/2004 06:10:00 da tarde :: início ::
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