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domingo, dezembro 05, 2004

A lição de Sampaio

Eu acho que Jorge Sampaio agiu bem. Agiu bem em Julho. Agiu bem em Novembro.
Em Julho, o Presidente não podia deixar de nomear um primeiro ministro saído do partido maioritário no Parlamento. Santana Lopes não tinha, à partida, menos legitimidade que Durão Barroso. Se tivesse, nessa altura, optado por eleições antecipadas, estaria não só a desrespeitar a Constituição, mas também vitimizaria o líder escolhido pelo partido da maioria, favorecendo-o nas eleições antecipadas.
Ao ter dado o benefício da dúvida a Santana Lopes, o Presidente Sampaio deu-lhe a oportunidade de mostrar o que vale, num contexto de estabilidade parlamentar e com plenos poderes para conduzir o destino do país até às eleições de 2006. Se isso não aconteceu, a culpa foi exclusivamente de Santana e do seu governo.
Os problemas com a comunicação social foram criados pelo governo. A incompetência sem memória na colocação dos professores, e a infeliz proposta do primeiro ministro de colocar professores como assessores dos magistrados, vieram do governo. Os problemas com a substituição do ministro adjunto foram criados pelo governo. Quem primeiro meteu o governo na incubadora foi o próprio governo.
Ao só agora convocar eleições antecipadas, e não em Julho, Jorge Sampaio deu aos portugueses uma lição de política e mostrou-lhes, por A+B, quais são as possíveis consequências das escolhas que agora vão ter que fazer.

:: enviado por JAM :: 12/05/2004 03:56:00 da tarde :: início ::
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