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sábado, julho 07, 2007

Querem salvar o planeta? Comprem um Hummer

De repente, descobriu-se que a minha geração e as gerações que a precederam fizeram tudo mal. Não chega ter levado a esperança de vida para valores que há dois séculos seriam considerados extraterrestres, não chega que nos possamos deslocar facilmente e de forma relativamente económica, não chega termos desmentido Malthus. Esquecemo-nos do Planeta. Quer dizer, sendo uns seres terrivelmente egoístas, desenvolvemos tecnologia que nos propicia bem-estar mas que fará com que os nossos filhos vivam num Planeta extremamente frio ou extremamente quente (ainda não está decidido), sem ursos polares, no meio de lixo tóxico, sem florestas e sem gelo nos pólos (ou talvez com mais gelo, não se sabe ainda bem).
Felizmente que algumas pessoas da minha geração, como o Al Gore e o Bono, e das gerações seguintes se aperceberam da nossa tendência suicida e estão cá para nos salvar.
A Quercus tem um site em que nos ensina a escolher produtos que combatam as “alterações climáticas” (prudentemente, a Quercus não toma posição se isto vai aquecer ou arrefecer). Neste momento, há três top-tens: Lâmpadas, Máquinas de Lavar Roupa e Automóveis.
Bom, de máquinas de lavar não percebo nada mas se a Quercus diz que a Miele W2839 I WPM Softtronic é a que me fará poupar mais água e mais electricidade mesmo que não lave bem a roupa, eu acredito na Quercus (só dizer à Quercus que a Miele custa 1600 euros o que é um bocadinho caro para uma máquina de lavar).
As lâmpadas também não são o meu domínio de predilecção mas sei que as lâmpadas incandescentes funcionam porque a electricidade faz brilhar um filamento enquanto nas lâmpadas de baixo consumo a electricidade “acende” um gás dentro das lâmpadas que as faz emitir luz. Duram mais e consomem menos. Pois. O problema é que para “acender” o gás é necessário uma pequena quantidade de mercúrio e ainda contêm mais dois ou três produtos que se encontram na tabela periódica e que, em geral, não fazem muito bem à saúde. Quer dizer, são mais eficientes energeticamente mas são um bocado complicadas para reciclar. Ah, e são um bocadinho mais caras que as outras.
Já os carros são outra história. Acontece que gosto de carros e de desporto automóvel. Por isso fui ver o site da Quercus. Esquecendo os carros mais pequenos que só um celibatário sem amigos e sem animais de estimação ou um hippie retardado seriam capazes de comprar (o hippie tenho duvidas, preferem os 2 Cavalos) e as carrinhas que considero um dos objectos mais inestéticos que o Homem criou, os outros são carros que nunca compraria. Ou porque são mal motorizados, ou porque são caros em relação a outra alternativa ou porque são simplesmente feios.
No entanto, o que me chamou a atenção foi o inevitável Toyota Prius. O Prius tornou-se o grande ícone dos amigos-do-ambiente-que-querem-continuar-a-conduzir-carros. O Prius é híbrido gasolina/electricidade e por isso tem a melhor “Eco avaliação”. Quer dizer, para a Quercus é o carro que todos devemos conduzir para que o urso polar não desapareça, a
Femeniasia balearica não se extinga e o lince da Malcata não seja incomodado.
O Prius funciona na base de um motor normal complementado por baterias. As baterias são recarregadas pelo funcionamento do motor a gasolina ou pelo travão (não se podem recarregar pela tomada eléctrica). Quando o carro está parado, o motor pára também o que faz com que nos engarrafamentos seja bastante económico no consumo. Na estrada, em que as baterias já não chegam, tem consumos parecidos com outros carros económicos.
Dito assim, o Prius parece um monstro de economia e a merecer o pedestal da ecologia. Pois é. O pequeno problema do Prius é que tem baterias e as baterias funcionam com níquel. O níquel sai de minas situadas em Sudbury no Canada. Do Canada o níquel vem para a Grã-Bretanha para ser refinado em Gales. Daqui é enviado para a China para ser transformado em espuma e daqui finalmente para o Japão onde as baterias são fabricadas. Uma boa parte é recambiada para os EUA e para a Europa onde os Prius são fabricados.
Devido ao tratamento do níquel, a área de Sudbury começa a ter tantos problemas de poluição que até a Greenpeace começa a sentir-se incomodada.
Como o preço não parece ser uma preocupação da Quercus, vamos comparar o Prius ao Hummer. Porquê o Hummer? Primeiro, porque é o carro que eu compraria se não houvesse juros bancários e se vivesse no Alentejo. Segundo, porque o Hummer é o Satanás dos ecologistas: consome 25 litros aos 100, é grande, praticamente desprovido de utilidade e está à vontade em qualquer terreno. Terceiro, porque é uma obra de arte da engenharia humana e, quarto, porque um recente estudo da CNW lançou a polémica sobre quem é mais “verde”.
O Hummer é menos complexo a reciclar que o Prius, dura 3 vezes mais e se tivermos em conta o custo energético combinado do fabrico, transporte, condução, reciclagem e não apenas das emissões de CO2 como faz a Quercus, o Hummer é mais eficiente do ponto de vista energético.
O Prius tem ainda um “pequeno” defeito que é apresentado como uma virtude: não faz barulho nenhum quando em modo bateria, ou seja, nas cidades. Fabuloso, não é? Perguntem a um peão distraído ou a um cego o que é que pensam.
O Prius é o produto de um génio de Marketing da Toyota que sabe reconhecer onde estão as modas. Utiliza uma velha tecnologia que é um desastre para o ambiente mas que o faz parecer moderno, é um pesadelo de reciclagem e um perigo para os peões. O Hummer é honesto. Não pretende ser “verde”, consome combustíveis fósseis que se farta, ocupa o espaço de três carros mas dura mais, ouve-se e vê-se ao longe, é mais eficiente energeticamente e mais fácil de reciclar.
Querem salvar o planeta? Andem de transportes públicos quando for possível, comprem um Hummer e guardem-no por muitos anos.

PS: Nem sequer me lembrei que era hoje. Quando estava a escrever este post, recebi um Mail da MSN Music a propor a compra das músicas do SOS Earth. Pois.



:: enviado por U18 Team :: 7/07/2007 10:38:00 da tarde :: início ::
1 comentário(s):
  • "O Prius tem ainda um “pequeno” defeito que é apresentado como uma virtude: não faz barulho nenhum quando em modo bateria, ou seja, nas cidades. Fabuloso, não é? Perguntem a um peão distraído ou a um cego o que é que pensam."

    Pelo que ouvi hoje, está a ser terminado um estudo cientifico que prova morrerem mais pessoas devido á poluição sonora do que devido ás emissoes de co2...como diria o grande Fernando Peça....e esta em?

    PS: Ainda ontem vi um hummer dos primeiros e confesso que seria um gadjet bem acarinhado na minha garagem

    De Anonymous Anónimo, em 10/7/07 02:40  
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