BRITEIROS2: dezembro 2004 <$BlogRSDUrl$>








quinta-feira, dezembro 30, 2004

O Estado, motor do desenvolvimento

Se somarmos os números do INE correspondentes ao desemprego oficial, com os inactivos disponíveis, mais os subempregados visíveis, concluiremos que o desemprego atingiu, no 3º trimestre de 2004, 516.500 trabalhadores ultrapassando, pela primeira vez, o meio milhão, e a correspondente taxa de desemprego 9,4%. Segundo um estudo levado a cabo pelo economista Eugénio Rosa, com base nestes dados do INE, num ano apenas, o desemprego de longa duração (com um ano ou mais) cresceu 39,1%, mas o desemprego de longuíssima duração (com 25 meses ou mais) aumentou 67,3%, o que revela dificuldades crescentes de uma parte significativa dos desempregados em encontrar emprego, podendo estar a caminhar-se para a exclusão social de um número crescente e muito significativo de portugueses.
Neste clima, falar daqueles “que parecem não saber existir sem as graças e os favores do Estado” e que “em lugar de populismo e do Estado-messias, só precisamos de trabalho, de exigência e de rigor”, é uma forma demasiado simplista de reduzir o Estado a um verbo de encher. Não é possível simplesmente esperar que o sector privado faça tudo, remetendo-se o Estado ao papel de mero espectador, sobretudo quando o próprio Estado dá o exemplo contrário ao que pede que os outros façam.
Assim, contrariamente à ideia transmitida por Guilherme d’Oliveira Martins, cabe ao Estado um papel importantíssimo no esforço para sairmos da mediocridade e do atraso em que nos encontramos. Nesse sentido, o Governo deve pôr em prática uma série de medidas, entre as quais:

1 - Contribuir para a criação de iniciativas que tragam emprego e riqueza;
2 - Participar na tomada de decisões que orientem ou favoreçam o desenvolvimento das boas iniciativas;
3 - Incentivar a educação e a pesquisa para o desenvolvimento tecnológico;
4 - Preparar com antecipação os mercados do futuro, potencialmente interessantes para o país.
5 - Favorecer a cooperação de empresas e instituições.
6 - Vigiar, para evitar a chegada de irreversibilidades nas empresas, que impeçam o acesso ao crédito de sectores cuja existência depende da assistência financeira.

Em suma, cabe ao Estado criar condições para evitar a precarização do trabalho, o aumento vertiginoso da pobreza, a vulnerabilidade externa e o endividamento desenfreado.

:: enviado por JAM :: 12/30/2004 01:36:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, dezembro 29, 2004

As Más Moedas

Qualquer observador, estranho aos nossos hábitos peculiares, encontraria nesta nossa vida lusitana bastos motivos de interesse e de estudo. A primeira curiosidade da nossa história recente, que infalivelmente provoca um sorriso polido, é o facto de termos sido o único país europeu a exigir de cada cidadão a obtenção de licença para a posse e uso de isqueiro. Cada alemão encontrará aí motivo de ridículo quase redentor do seu obsceno holocausto. Por entre sorrisos incrédulos, de quem pensa que o humor luso ganhou subtilezas que lhes escapam, começará a cimentar-se a ideia de que tanta pequenez é possível. A história do nosso passado recente está repleta de exemplos de grandeza cotejando o mais ridículo. Citava um escritor nosso contemporâneo, um famoso revolucionário que assegurava ter a intenção de levar a cabo a revolução “contra tudo e contra todos”. Empresa arriscada que estará seguramente na causa de termos tido uma revolução tão linda e simultaneamente tão curta e ineficaz. Muito mais não se poderia esperar de uma intelligentzia que desenvolveu metodologias de argumentação à prova de todos os argumentos. Muitas vezes estruturada na base de silogismos primitivos, a linha de argumentação que tentarei ilustrar é de uma eficácia arrasadora. Funciona mais ou menos assim:

Alguém diz que a liberalização do preço de combustíveis não beneficiou o consumidor e logo o retórico português afirma peremptório:
— Então o que estás a dizer é que as companhias petrolíferas deviam manter um preço baixo e ter prejuízo?
Dificilmente o retórico português ouve e entende o que se lhe diz. Normalmente, para que a discussão continue, sente-se na necessidade de parafrasear o que o seu interlocutor acabou de dizer e isto, muitas vezes, deturpando despudoradamente o que acabou de ser dito. Diz-se que já não se quer comer mais e logo o outro dirá:
— Queres então dizer que a comida não presta?
Alguém diz que não se justifica o ataque à protecção social no nosso país e logo alguém diz:
— O envelhecimento da população vai pôr em causa o equilíbrio financeiro da Segurança Social.
E de nada valerá assinalar que esse é um problema a médio e longo prazo e que seguramente as companhias de seguros não tratarão das reformas de cada cidadão pelos seus lindos olhos.

Seguramente, por muito poderosos que sejam os mecanismos de esperteza enunciados, não podemos esquecer o argumento mais poderoso no arsenal do argumentador lusitano, o “não é bem assim”. Por muito que tenha procurado ainda não encontrei quem tenha registado a patente deste argumento, poderoso entre os poderosos, no arsenal luso. De facto, “não é bem assim” é uma arma perigosa. Por um lado, estabelece um princípio de dúvida sobre o que o adversário disse, sem que seja necessário demonstrar qualquer conhecimento do assunto tratado, por outro, não é tão violento como chamar mentiroso ao opositor, o que poderia, por vezes, ter consequências ao nível da integridade física do retórico. Como todos os argumentos úteis, também este se declina em múltiplos matizes. Não é bem assim. Não sei se é bem assim. Não me parece que seja assim. Claro que o questionado, não tendo trazido no bolso qualquer volume da Enciclopédia Luso brasileira, perde um pouco de ímpeto na disputa e deixa aberto o campo para que o vácuo pensador possa marcar alguns pontos.
Outro hábito muito comum é ofender o oponente com a ironia rasca de insinuar que o seu conhecimento é de facto sintoma de ignorância. Nesta categoria podemos incluir os argumentos que evidenciam o profundo desprezo que o ignorante tem pelo conhecimento.
“Olha, lá vem este com filosofias. Deixa-te de filosofias. Tem a mania que é filósofo. Tem a mania que é doutor.”
Liga a ideia anterior com a frase que se usava antigamente: “Eles é que sabem, eles é que têm os livros”. Ao preço a que estão os livros e face à quantidade que os nossos filhos têm que comprar, é bom que saibam...

Se o ponto de vista expresso for imbuído de alguma dimensão ideal, também é comum ouvir-se a acusação de se ser poeta. Poeta e filósofo são epítetos violentos na argumentação da Lusitânia. Poetas e sonhadores são inócuas categorias de cidadão, relegados para o curioso e o caricato.
Triste mesmo é o expediente das estruturas incompetentes que se traduz pela erosão dos direitos de cada cidadão causada pela incapacidade de estruturas e instituições para assegurar o cabal cumprimento das leis. A recente alteração aos montantes dos subsídios de doença foi justificada com a necessidade de reduzir o recurso a baixas fraudulentas. Curiosamente, quando se argumenta que é injusto penalizar as baixas de média e curta duração, logo o cansado português diz na sua sabedoria da resignação: “Pois é, paga o justo pelo pecador”.

De uma crueldade subtil e impregnada das marcas da nossa tradição judaico-cristã, “paga o justo pelo pecador” é outro simples argumento, simplório mas eficaz, usado por todas os grupos e classes sociais. Repare-se que é o argumento ideal para, de forma subliminar, apaziguar os mais revoltados. Os bancos não pagam impostos e as empresas dão todas prejuízo? Então pagam os assalariados, pois então não “paga o justo pelo pecador”?
Muito mais se poderia dizer, e dir-se-á seguramente no futuro, mas por agora basta concluir recordando essa verdade verdadeira que nos ensina que “ao menino e ao borracho põe-lhe Deus a mão por baixo”. Portugal é um país velho com mais de oitocentos anos de história.

:: enviado por RC :: 12/29/2004 02:21:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, dezembro 22, 2004

O Clube da Gargalhada

O Clube da Gargalhada tem por objectivo espalhar a alegria. A técnica é simples: não se contam piadas, mas ensinam-se as pessoas a rir de si mesmas. A intenção é rir sem motivo, rir dos reversos da vida. De acordo com os especialistas, o riso libera endorfina, substância química responsável pela felicidade, melhorando a nossa qualidade de vida. As crianças são mais felizes porque riem até 400 vezes por dia, enquanto os adultos o fazem apenas quinze vezes, em média.
Hasya, em sânscrito, significa gargalhar. Desta forma, o Hasya Yoga consiste em gargalhar em grupo, utilizando a técnica do yoga. A prática foi desenvolvida na Índia por Madan Kataria, um médico de Mumbai. Desde 1998, no primeiro domingo do mês de Maio é comemorado o Dia da Gargalhada e, nos quatro cantos do mundo, milhares de pessoas reúnem-se para espalhar a alegria de gargalhar.
As sessões intercalam risadas com respiração, os pranaiamas (exercício da respiração do yoga tradicional). As técnicas levam nomes de posições de yoga, como a gargalhada do leão, um exercício onde as pessoas riem com a boca e os olhos bem abertos. As pessoas são estimuladas a rir, mesmo que seja forçado. Dessa forma, faz-se uma reprogramação neurolinguística que induz a alegria até que a risada saia naturalmente. É simulando que se aprende.
Em certos países europeus o yoga da gargalhada já chegou às empresas. Ao rir, as pessoas diminuem o stress e aumentam a produtividade e a qualidade do trabalho. Por fortalecer o sistema imunológico, o funcionário adoece menos e a empresa diminui as faltas ao trabalho. Existem mais de 800 clubes da gargalhada espalhados pelo mundo, que também realizam actividades em prisões, asilos e hospitais.
Para quem deseja aprender a rir sozinho, aqui fica uma técnica simples: Tire uns 5 minutos por dia para rir de si mesmo, dos seus erros, das suas dificuldades e vá aumentando gradualmente o exercício, dizendo em voz alta ho, ho, ho, ho, ..., há, há, há, há,... Conseguirá assim alcançar o mantra da gargalhada.

:: enviado por JAM :: 12/22/2004 03:21:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, dezembro 20, 2004

O que é a incineração de resíduos sólidos

A incineração é um processo em que os resíduos são destruídos por via térmica, geralmente com recuperação de energia. Do processo de incineração dos resíduos sólidos resultam os seguintes produtos finais: energia calorífica que é transformada em energia eléctrica ou vapor, águas residuais, gases, cinzas e escórias. O efluente originado pelo arrefecimento das escórias e pela lavagem dos gases, de acordo com a legislação da União Europeia, é considerado um resíduo perigoso, pelo que terá de sofrer um tratamento adequado.
Os gases resultantes da incineração têm de sofrer um tratamento posterior, uma vez que na sua composição se incluem diversas substâncias tóxicas como chumbo, cádmio, mercúrio, crómio, arsénio, cobalto e outros metais pesados, ácido clorídrico, óxidos de azoto e dióxido de enxofre, dioxinas e furanos, clorobenzenos, clorofenóis e PCBs.
É necessário controlar as emissões de poluentes, sendo já possível para diversos poluentes fazer a sua medição em contínuo. No entanto, para alguns poluentes, como é o caso das dioxinas, essa medição é feita de forma pontual, sendo por isso, mais difícil garantir que não ocorram problemas ambientais.

De modo geral, pesquisas científicas e estudos técnicos associam os impactos da incineração ao aumento das taxas de cancro, doenças respiratórias, anomalias reprodutivas (como má formação fetal), danos neurológicos e outros efeitos sobre a saúde. Em 1997, a IARC (Agência Internacional de Pesquisas do Cancro) classificou as dioxinas mais tóxicas como cancerígenas para os humanos. Uma vez emitidas no meio ambiente, essas substâncias podem viajar longas distâncias pelo ar e pelas correntes oceânicas, tornando-se uma contaminação global.
As dioxinas libertadas pelas incineradoras também podem acumular-se em animais ruminantes e peixes, por intermédio da cadeia alimentar. São diversos os casos relatados mundialmente em que produtos como o leite, os ovos e a carne continham níveis de dioxinas acima dos permitidos legalmente.

A co-incineração é condenada por convenções internacionais e tem alternativas que merecem ser consideradas. José Sócrates, em entrevista ao Público, em 21 de Agosto de 2001, garantiu que a co-incineração “vai ao encontro do espírito da convenção de Estocolmo”, por libertar menos dioxinas do que a incineração dedicada. É uma forma subliminar de passar a ideia de que não há alternativas à queima dos resíduos. O que é falso.

:: enviado por JAM :: 12/20/2004 03:12:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

domingo, dezembro 12, 2004

Opus Dei

Desenvolvida durante o franquismo por José-Maria Escrivá de Balaguer, a Opus Dei é uma seita cujo objectivo consiste em infiltrar o mundo do trabalho, especialmente os centros de poder político e as grandes empresas públicas e privadas, com indivíduos totalmente fiéis à organização, comungando da sua ideologia ultra-conservadora.

Conta três tipos de membros: numerários, supranumerários e agregados. Os numerários, que se comprometeram a manter uma vida de pobreza, castidade e obediência, têm geralmente uma sólida formação universitária ou, alternativamente, podem ser herdeiros de grandes fortunas; vivem em casas da Obra, são celibatários e contribuem com a totalidade do seu ordenado para a seita, que lhes dá algum dinheiro para as despesas diárias mínimas, nomeadamente a alimentação. Entre os cerca de duzentos numerários portugueses contam-se o presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, assim como o presidente do Conselho de Administração do BCP, Jardim Gonçalves.

Os membros agregados são pessoas sem formação universitária ou, mais raramente, licenciados que têm familiares a cargo. Não vivem alojados em casas da seita, mas assumem os mesmos compromissos que os membros numerários, efectuando também o mesmo trabalho apostólico. Alguns deles têm também como funções efectuar reparações (de graça!) nas casas da Opus Dei.

Os supra-numerários são pessoas casadas que constituem a face socialmente mais visível da organização. Apesar de lhes ser permitida uma menor disponibilidade para o trabalho apostólico, estes membros participam semanalmente em encontros com responsáveis religiosos, que asseguram a fidelidade destes membros por diversos meios, nomeadamente através da confissão. Também contribuem com importantes quantias monetárias. Todos os membros são obrigados a frequentar a missa diariamente, a rezar o Terço e a efectuar leituras religiosas.

Os simpatizantes da Opus Dei que não queiram ou não podem ser membros têm o estatuto de cooperadores. Entre estes, os católicos podem participar nas acções de formação, nomeadamente nos retiros.

A Opus Dei actua captando adolescentes em colégios católicos. Estes são inicialmente aliciados para participar em actividades em clubes católicos de tempos livres, onde nunca se menciona a Opus Dei. Mais tarde, os mais brilhantes de entre estes jovens são convidados para participar em retiros de fim-de-semana, onde a endoutrinação é mais severa. Os jovens são levados a acreditar que só há felicidade no serviço de Deus e que a única maneira correcta de servir «Deus» é dentro da Opus Dei.

Apesar da sua enganadora (porque discreta) boa imagem nos países latinos, a Opus Dei sofreu em 1997 uma humilhação pública ao ser considerada pelo Parlamento belga uma organização sectária, a par da Igreja da Cientologia, das Testemunhas de Jeová e da Igreja Universal do Reino de Deus. No final do ano 2000, o «Réseau Voltaire» publicou informações afirmando que António Guterres é membro supra-numerário da Opus Dei. Estas informações estão confirmadas numa entrevista que Guterres concedeu nesse mesmo ano ao Jornal de Notícias, onde confessou ter aderido à Opus Dei no final da adolescência, muito antes de pensar sequer em entrar para o Partido Socialista. O último Governo de Guterres, após a remodelação do Verão de 2001, contava com numerosos ministros saídos de sectores católicos conservadores, nomeadamente Luís Braga da Cruz, Júlio Pedrosa e Rui Pena.

No dia 6 de Outubro de 2002, Escrivá de Balaguer foi canonizado. Trata-se da canonização mais rápida de sempre, o que atesta a influência crescente da Opus Dei no Vaticano. Na canonização, compareceram Paulo Portas, Narana Coissoró, Ramalho Eanes, Rocha Vieira, Maria Barroso, Maria José Nogueira Pinto, Rui Machete, Arlindo Cunha, Paulo Teixeira Pinto, para além do arcebispo de Braga, do bispo do Funchal e do bispo de Lamego.

A iniciativa “Rock in Rio” é organizada pela Opus Dei.

Fonte República e Laicidade

:: enviado por JAM :: 12/12/2004 10:10:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Revolução de fachadas em Tirana

É difícil não chegar à capital da Albânia sem ter, à partida, uma data de preconceitos na cabeça. O país não é seguro e está entregue às mafias, o poder é corrupto, pobreza e ódio são mais do que exacerbados pelos falhanços duma democracia balbuciante.
Parte destes preconceitos são verdadeiros, sobretudo quando somos acolhidos, à saída do avião, por militares desconfiados, temos que pagar uma taxa de 30 € para entrar no país e bandos de mendigos se colam a nós quando tentamos desesperadamente aceder a um taxi, quase sempre um velho mercedes a cair aos bocados.
Esta impressão começa a dissipar-se na estrada do aeroporto que serpenteia pelo meio dos olivais e, ao chegarmos àquela que poderia ser considerada a capital do terceiro mundo europeu, ficamos maravilhados com as construções modernas, ruas renovadas, espaços verdes e um nunca mas acabar de reconstruções e recuperações, em misturas cromáticas inconcebíveis, de verde alface, amarelo limão, vermelho vivo, laranja, violeta, rosa e castanho, toques de azul e alguns, raros, quadrados cinzentos.
Quando Edi Rama foi eleito para a Câmara em 2000, encontrou uma cidade “como uma garota doente”. “Dar-lhe cor não a curou da doença mas deu-lhe a coragem para lutar e para se levantar da cama”. Com a ajuda de financiamentos europeus, “reconstruiu a cidade, como se a vestisse de pijama”, como lhe dizem as más línguas. Apesar das reacções não serem unânimes, o projecto permitiu recriar uma relação entre a cidade e os seus 700.000 habitantes, dando-lhe uma visão humana que, com a ajuda de vários artistas e arquitectos, a transformou num museu a céu aberto, que mistura o pior da herança socialista com o melhor da arte contemporânea.
As traseiras destes prédios são, no entanto, ainda tão decadentes como os de Pnom-Pen ou Tananarivo: fachadas despidas, tijolos à vista, ruas deformadas e cheias de buracos.
É assim, em plena mudança, a Tirana barulhenta, sobreaquecida e poluída pelas dezenas de milhar de motores, movidos por uma gasolina adulterada e vendida em garrafas nas pequenas lojecas da cidade. Cidade turbulenta, animada e colorida.

:: enviado por JAM :: 12/09/2004 03:33:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

domingo, dezembro 05, 2004

Maus Políticos, Dias Lindos

Maus Políticos, Dias Lindos
Por VASCO PULIDO VALENTE
Domingo, 05 de Dezembro de 2004

Desde 1820 que Portugal, como Cavaco, tenta perceber, angustiado, por que razão ou maldição temos tão maus políticos. Com o tempo, foram aparecendo várias teses. Nesta melancólica época de Santana e sarilhos, convém talvez recapitular. 1ª Tese: A política, por não exigir qualquer espécie de qualificação substancial, e por ser uma forma de vadiagem reconhecida e glorificada, atrai os piores. 2ª Tese: Os partidos políticos, que se regem pelo "princípio da fidelidade" e não da "qualidade", repelem os melhores. 3ª Tese: Um povo analfabeto, ignorante e primitivo, se o deixam votar, escolhe fatalmente a "canalha". 4ª Tese: Os políticos são maus, porque a élite é geralmente má. Não há bons políticos como não há bons jornalistas, bons professores, bons médicos, bons cozinheiros, bons químicos, nem, a falar com franqueza, qualquer outra classe profissional decente. 5ª Tese: A élite é geralmente má, porque um ensino obsoleto e rígido não promove a independência e a crítica. 6ª Tese: A pobreza do país cria uma cultura de servilismo, mentira e manha, que os políticos fielmente reflectem. 7ª Tese: A Igreja Católica Apostólica Romana educa os portugueses para a obediência e a hipocrisia. Os políticos, mesmo ateus, não se distinguem da manada.

Como se vê teses não faltam para explicar a existência, e a persistência, de maus políticos. E também historicamente não faltaram soluções. 1ª Solução: Acabar com a política. 2ª Solução: Substituir os partidos por corporações. 3ª Solução: Não permitir que o povo, ou a maior parte dele, votasse. 4ª Solução: Aturar resignadamente a mediocridade do país, morrer ou emigrar. 5ª Solução: Reformar o ensino (coisa que também decorre da Tese 3). 6ª Solução: Fazer a "revolução" (liberal, republicana ou "socialista") para tornar a nossa querida Pátria rica, orgulhosa e honesta ou, na absoluta impossibilidade disso, "mudar a mentalidade" da élite por métodos suasórios. 7ª Solução: Perseguir a Igreja Católica Apostólica Romana e principalmente exterminar os padres. Dito isto, não seria decoroso esconder que aplicação repetida, simultânea e sucessiva destas soluções nunca produziu o efeito esperado: os maus políticos, como se sabe, continuam connosco. Mas também, até com maus políticos, temos dias lindos. Ou não?

http://jornal.publico.pt/2004/12/05/UltimaPagina/U01.html - topo

:: enviado por RC :: 12/05/2004 08:09:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

A lição de Sampaio

Eu acho que Jorge Sampaio agiu bem. Agiu bem em Julho. Agiu bem em Novembro.
Em Julho, o Presidente não podia deixar de nomear um primeiro ministro saído do partido maioritário no Parlamento. Santana Lopes não tinha, à partida, menos legitimidade que Durão Barroso. Se tivesse, nessa altura, optado por eleições antecipadas, estaria não só a desrespeitar a Constituição, mas também vitimizaria o líder escolhido pelo partido da maioria, favorecendo-o nas eleições antecipadas.
Ao ter dado o benefício da dúvida a Santana Lopes, o Presidente Sampaio deu-lhe a oportunidade de mostrar o que vale, num contexto de estabilidade parlamentar e com plenos poderes para conduzir o destino do país até às eleições de 2006. Se isso não aconteceu, a culpa foi exclusivamente de Santana e do seu governo.
Os problemas com a comunicação social foram criados pelo governo. A incompetência sem memória na colocação dos professores, e a infeliz proposta do primeiro ministro de colocar professores como assessores dos magistrados, vieram do governo. Os problemas com a substituição do ministro adjunto foram criados pelo governo. Quem primeiro meteu o governo na incubadora foi o próprio governo.
Ao só agora convocar eleições antecipadas, e não em Julho, Jorge Sampaio deu aos portugueses uma lição de política e mostrou-lhes, por A+B, quais são as possíveis consequências das escolhas que agora vão ter que fazer.

:: enviado por JAM :: 12/05/2004 03:56:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

IF

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or, being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with triumph and disaster
And treat those two imposters just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to broken,
And stoop and build 'em up with wornout tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on";

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch;
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run -
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man my son!

Rudyard Kipling

Leia mais>>>


:: enviado por RC :: 12/05/2004 10:59:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::